Recursos

É a partir dos anos 50 que se observam os primeiros sinais de abandono do meio rural. A paisagem até aqui constituída por mosaicos de vegetação quase desaparece, e a área florestal aumenta gradualmente. As zonas-tampão à volta das aldeias, com áreas agrícolas compostas por hortas, pomares e pastos, foram sendo abandonadas e criaram um contínuo de vegetação que leva o fogo até às aldeias.  

No entanto, alguns destes territórios, outrora entendidos como sinal de atraso de desenvolvimento, foram organizados e apropriados pelas populações urbanas que valorizam os elementos da paisagem, pretendem requalificar esses territórios e promover as suas potencialidades. Só com o envolvimento de todos se conseguem criar as condições necessárias à gestão sustentável dos recursos, por forma a evitar que estas terras se transformem em paisagens sem pessoas. A população é o elemento chave para o desenvolvimento territorial. 

Nesta perspetiva a aposta para a revitalização do mundo rural passa por intervenções diretas junto das comunidades locais, procurando-se aproveitar as vantagens locais e as atividades que valorizam e incrementam o uso sensato dos recursos existentes, em complementaridade com as várias atividades existentes, ponderando, os impactos sociais, culturais e ambientais de todo o processo. 

As florestas em Portugal desde há anos que não geram expectativas de negócio (salvo em situações específicas), não geram riqueza, não proporcionam emprego, nem bem-estar às populações, facto visível no incontrolável êxodo rural que se observa ano após ano no nosso País. Como consequências observam-se milhares de hectares de floresta, matos e invasoras, deixados ao abandono, com a consequente perda do potencial produtivo e humano, perda da diversidade biológica, dos recursos genéticos e da inevitável perda dos ecossistemas. Hoje em dia não se consegue garantir sequer a conservação dos recursos naturais que lhe estão associados, o que exige respostas urgentes suportadas em formas de gestão sustentáveis. O envelhecimento da população rural agudiza o problema, e muitos proprietários não têm sequer condições para investir na gestão florestal. 

Assembleia de Compartes dos Baldios de Gondramaz e Cadaval